terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ausência de você

Hoje eu estréio com um conto no Blog Polifonias Literárias (http://www.polifonias-literárias.blogspot.com/), blog cujo fui convidada a participar e estarei postando provavelmente semanalmente. Espero que gostem. Beijos.
'Você chegou sem avisar, foi tomando seu espaço, marcando seu território, e ganhando minha atenção. Mas foi embora, pra quem sabe um dia voltar. A distância que nos separa não é física, pois sei que estás nesse exato momento, há algumas quadras daqui, e vem ver-me semanalmente. Mas cansei, cansei dessas visitas automáticas que tornaram-se as suas vindas, cansei de você e do seu amor mecânico. Porque ainda aguento tudo isso? Porque com você pude ser eu mesma, pude amar, pude ser amada, fazer feliz, ser eu mesma, realizar fantasias, e quer saber o que me resta? E o que faz-me aceitar essa situação? A memória. As lembranças que sua presença me resgata por causa do seu romantismo lascivo, que de tão doce chega a ser perturbante. ' (Continua... leia em http://www.polifonias-literarias.blogspot.com/)

domingo, 27 de janeiro de 2008

O tabu da virgindade feminina

Os conceitos e valores a cerca da virgindade feminina e masculina sempre foram diferentes, mas, a polêmica em relação à feminina é maior por envolver também um fator biológico: o hímem. O hímem é uma membrana localizada na entrada da vagina, que durante a infância tem a função de proteger a garota contra possíveis infecções, já que a criança não produz hormônios suficientes para proteger-se sozinha.
Antigamente era preciso ser virgem para obter respeito e garantir um bom casamento. As mulheres que transavam antes do casamento eram consideradas fáceis e sem valor algum. O preconceito era tanto por parte dos homens quanto por parte das outras mulheres. Mas, e agora, que respeito é conquistado de várias outras formas que não privação de sexo, numa época em que as mulheres não estão nem um pouco preocupadas e nem com prioridades no casamento?
Hoje em dia, muito mais que um fator biológico, a virgindade feminina é também um fator sócio-cultural, que envolve conceitos pessoais que foram evoluindo ao longo do tempo. Até que foi boa a evolução, a modernidade, mas o lado ruim foi a banalização do sexo. Virgindade virou um rótulo, não é mais apenas um hímem, porque há garotas que praticam outras modalidades de sexo, como o oral, com a finalidade de permanecerem 'virgens'. Que utópico! Ao meu ver, essas mulheres já não são mais virgens, mesmo que não tenha acontecido o rompimento do hímem.
Esse rompimento pode dar-se ao usar absorvente interno, ao cair de bicicleta etc, então essas garotas não são mais virgens por nao possuírem mais hímem, sendo que nunca tiveram contato mais íntimo com um homem, e o outro grupo que pratica outras formas de sexo, mas possuem hímem, são? Tiremos o hímem da história e veremos que o síntese de virgindade é subjetivo e vai muito além de fatores biológicos e físicos. É igualmente, a perca da inocência, o rompimento do hímem, mas também de tabus, (pré)conceitos e barreiras. É a liberação inconsciente da mulher moderna, a ascensão da liberdade sexual, que deve ser praticada com pessoas 'certas', com consciência e proteção, sem a banalização que tornou-se.
Perder a virgindade gera dor, e não apenas a dor física, mas também a dor emocional, porque não há mudança sem dor, e essa fase de transição de menina pra mulher gera conflitos também, por isso é legal que seja com carinho e prevenção, para o que é para ser bom, não tornar-se pesadelo. Não é complicado, na verdade se formos analisar a fundo, é simples até demais, porém ninguém senta e discute o assunto, facilitando a criação de monstros e tabus.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Escrevendo - Clarice Lispector

"Não me lembro mais onde foi o começo, foi por assim dizer escrito todo ao mesmo tempo. Tudo estava ali, ou devia estar, como no espaço-temporal de um piano aberto, nas teclas simultâneas do piano. Escrevi procurando com muita atenção o que se estava organizando em mim e que só depois da quinta paciente cópia é que passei a perceber. Meu receio era de que, por impaciência com a lentidão que tenho em me compreender, eu estivesse apressando antes da hora um sentido. Tinha a impressão de que, mais tempo eu me desse, e a história diria sem convulsão o que ela precisava dizer. Cada vez mais acho tudo uma questão de paciência, de amor criando paciência, de paciência criando amor."


Diante dessa crônica da Clarice, meus dedos ficam paralisados e nao conseguem escrever nem uma linha sequer. Perfeito. Penso e analiso cada palavra dela, elas refletem em mim como o sol nas águas de um rio, brilhando, e clareando toda a escuridão.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Olhares


Durante uma aula de filosofia, meu celular toca, olho o número, e não tenho a mínima idéia de quem seja, atender ou não atender, eis a questão. Professora, posso atender o celular? Parece que é algo importante. A professora concordou que eu saísse para atender. Atendi com um Oi curioso. Oi Yara, tudo bem? Disse a voz do outro lado. Tudo sim e com você? Quem é? Era o Rodrigo, aquele garoto lindo e simpático que eu conheci no carnaval.
- Ah.. Oi Rodrigo, desculpa a demora em atender o celular, estou na aula, não reconheci o numero e achei que pudesse ser algo importante, então sai para atender.
- Algo importante... E não é?
- É, claro que é... Mas eu não posso demorar senão a professora vai chiar.
- Mas eu preciso muito falar com você. À que horas terminam suas aulas?
- Às 22:45, porque?
- Posso passar pra te pegar, assim podemos conversar melhor?
- Pode, te espero aqui na frente do colégio, mas agora preciso desligar, beijos.
- Beijos.


Mas o que será que o Rodrigo quer comigo? Como será que ele conseguiu o número do meu celular? Eu não estava agüentando de curiosidade, aquela meia hora de aula parecia durar uma eternidade. Mas para a minha felicidade quando saí, ele já estava lá à minha espera, encostado no carro e tão aflito e ansioso quanto eu. O encontro de olhares foi mágico. Eu disse oi, dei-lhe um beijo no rosto e parei diante dele, não conseguia me mexer diante de seus olhos. Ele também ficou parado como uma estatua, e depois de alguns instantes observei que se eu estava olhando nos olhos dele, ele também estava olhando nos meus. Vamos? Disse ele. Entrei no carro sem saber ao menos para onde estávamos indo, acho que ele também não sabia. A música que estava tocando era linda, ah que música! Estava tudo muito perfeito para ser verdade, mas por incrível que pareça, era. Ele parou o carro num lugar tranqüilo e começamos a conversar sobre os mais diversos assuntos, fiquei sabendo muito da vida dele, e ele da minha, o tempo passou e nós nem percebemos. Olhei no relógio e disse assustada: Já é meia-noite! Preciso ir embora, amanhã eu levanto cedo. Ele colocou delicadamente a mão no meu rosto, ficou olhando nos meus olhos e foi se aproximando, e eu adorando tudo aquilo. Faltaram palavras para aquele instante, foi quando as bocas encostaram num beijo maravilhoso e apaixonado. Que clima maravilhoso, a música, os olhares, os beijos. Foi tudo tão perfeito e completo, que a minha vontade, e acho que a dele também era que o mundo parasse naquele instante. Queríamos ficar ali juntinhos o resto da noite, mas precisávamos ir, então seguimos a razão e fomos embora. Ao parar o carro em frente da minha casa, fui me despedir, quando ele me deu mais um beijo, seguido da frase: “Foi um encontro maravilhoso, era tudo o que eu mais queria. Nos vemos amanhã?” Respondi concordando e dizendo “Claro, me liga... Ah, só mais uma coisinha... eu também adorei.” .

PS: Mini conto escrito em janeiro de 2005, sem querer subestimar, mas melhorei muito a escrita desde então. Mas achei interessante colocar aqui. Amanha volto com uma super crônica que já está em andamendo. beijos. Mas vou deixar essa mini poesia tambbém pra quebrar o doce do conto.





'Sou dona de mim mesma
Amo com meu amor tímido
Safado, carente,
Algumas vezes carinhoso,
Outras irritadiço
Tenho desejos, tesão,
Minha pele arde
E dói muitas vezes
Por você, sempre por você.
Não importa.
Volto por mim mesma.'

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Para Sempre


Estava eu voltando da academia à noite por volta das dez horas da noite quando vejo, vindo em direção contrária à mim uma mãe, e quatro garotinhas de mais ou menos 6 anos. Saltitantes, de mãos dadas e a cada dois passos gritavam para quem quisesse ouvir o bordão “amigas pra sempre”, e o “pra sempre” era berrado ainda mais alto que o amigas.
Já dizia nosso saudoso Renato Russo, na música Por Enquanto, “Se lembra quando a gente, chegou um dia a acreditar, que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba”. Fiquei pensando, elas ainda estão na fase que ainda acreditam que as coisas são para sempre. Será que nunca ninguém contou para elas que nada é para sempre? Nem amizade, nem namoro, nem emprego, nem felicidade, que aliás, a dita cuja vai e volta, mas não é para sempre. ‘Pra sempre’ é uma grande utopia que colocam nas nossas cabeças, para que nós pensássemos que sempre teríamos o que é bom e nos traz satisfação.
Segundo o dicionário sempre significa ‘em todo o tempo; a todo momento; a toda hora, continuamente; eternamente’. As amizades até duram um bom tempo, mas não são eternas. O carinho, o afeto pelo amigo sim, esses sentimentos são a todo tempo e eternos, excedendo passado e futuro, mas chegam momentos em que as vidas bifurcam-se, as pessoas seguem caminhos diferentes, carreiras, cidades, opiniões etc. No caso delas basta a primeira mudança de colégio para que se afastem, ou se forem amigas porque os pais são amigos, basta uma brechinha para a distância entrar. Eu mudei de cidade duas vezes, deixei pessoas muito queridas em ambas, o amor será ‘pra sempre’, mas nossa convivência foi temporária, o tempo suficiente que nossas vidas precisaram se encontrar e tornar-se inesquecível.
Só que, o que era para ser ‘pra sempre’ sempre acaba, e é inevitável, mas não que seja ruim. Nas nossas vidas entram e saem pessoas a todo o momento. Pare e reflita, quantas pessoas maravilhosas, daquelas de passar horas sentada do meio fio conversando, foram saindo de fininho, sem querer da sua vida? Não que queríamos, afinal, sempre desejamos as coisas boas eternamente. Tenho amigos de infância, amigos de escola, de faculdade, de internet (sim, eu fui/sou uma adolescente na ascensão do mundo virtual), de festa, de bar, de tudo que é lugar, e de todos os tipos. E me dói saber que não é para sempre. É uma coisa rotativa, entram algumas e saem outras, porém Chaplin há muito tempo já nos confortava: “cada pessoa que passa em nossa vida, não passa sozinha, e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si, e leva um pouco de nós...”
Tomara que a utopia do ‘pra sempre’ não continue nos machucando quando acordarmos e enxergarmos que tudo é temporário; que possamos continuar enxergando colorido, e acreditando nos acasos mesmo sabendo que conto de fadas não existem e que o ‘foram feliz para sempre’ não se aplica no mundo real. Alias, nessa evolução dos contos de fada, desde as histórias da Mamãe Gansa, da Dona Carochinha, do Charles Perraut, apesar de que, nos contos do Charles Perraut nem sempre existia ‘felizes para sempre’ porque ele escrevia com a intenção de divertir e de moralizar para que a sociedade não virasse bagunça. As histórias da Mamãe Gansa e da Dona Carochinha também tinham essa função, mas era na oralidade. O problema foi quando os bem-aventurados irmãos Grimm resolveram modificar os contos do Charles Perraut, deixando a tragédia e a comédia de lado,e incorporando o ‘foram felizes para sempre no final’ só para iludir as criancinhas. Eu sempre quis saber quem foi o inventor dos finais perfeitos, e agora sei, droga. Maldosos, isso não se faz.. É tudo tão lindo que chega doer quando a realidade bate à porta. E que essas garotas possam continuar sonhando, mesmo depois de saberem de tudo isso, mas é lógico que ninguém vai contar, já que o fascinante é aprender na prática.
Yara Regina