domingo, 17 de agosto de 2008

Não te amo não - Almeida Garret

"Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,

A calma - do jazigo.

Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.

E a vida - nem sentida

A trago eu já comigo.

Ai! não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero

De um querer bruto e fero

Que o sangue me devora,

Não chega ao coração.

Não te amo.

És belo; e eu não te amo, ó belo.

Quem ama a aziaga estrela

Que lhe luz na má hora

Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,

De mau, feitiço azadoEste indigno furor.

Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto

Que de mim tenho espanto,

De ti medo e terror...

Mas amar!... não te amo, não."
PS: Sem tempo e criatividade pra postar...adoro esse poema, Almeida Garret entendia do assunto.

2 comentários:

Camila disse...

Oi!
Seu blog é muito legal.
Descobri atráves do manual do ....
Resolvi consultar quem são as leitoras dele, afinal é muito divertido.
Parabéns!

Átila Siqueira. disse...

Gostei muito do poema, muito interessante, uma perspectiva e interpretação bem peculiar dos sentimentos, da concepção de amor, de alma, e de desejo.

Muito legal.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.