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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Escrevendo - Clarice Lispector

"Não me lembro mais onde foi o começo, foi por assim dizer escrito todo ao mesmo tempo. Tudo estava ali, ou devia estar, como no espaço-temporal de um piano aberto, nas teclas simultâneas do piano. Escrevi procurando com muita atenção o que se estava organizando em mim e que só depois da quinta paciente cópia é que passei a perceber. Meu receio era de que, por impaciência com a lentidão que tenho em me compreender, eu estivesse apressando antes da hora um sentido. Tinha a impressão de que, mais tempo eu me desse, e a história diria sem convulsão o que ela precisava dizer. Cada vez mais acho tudo uma questão de paciência, de amor criando paciência, de paciência criando amor."


Diante dessa crônica da Clarice, meus dedos ficam paralisados e nao conseguem escrever nem uma linha sequer. Perfeito. Penso e analiso cada palavra dela, elas refletem em mim como o sol nas águas de um rio, brilhando, e clareando toda a escuridão.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Para Sempre


Estava eu voltando da academia à noite por volta das dez horas da noite quando vejo, vindo em direção contrária à mim uma mãe, e quatro garotinhas de mais ou menos 6 anos. Saltitantes, de mãos dadas e a cada dois passos gritavam para quem quisesse ouvir o bordão “amigas pra sempre”, e o “pra sempre” era berrado ainda mais alto que o amigas.
Já dizia nosso saudoso Renato Russo, na música Por Enquanto, “Se lembra quando a gente, chegou um dia a acreditar, que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba”. Fiquei pensando, elas ainda estão na fase que ainda acreditam que as coisas são para sempre. Será que nunca ninguém contou para elas que nada é para sempre? Nem amizade, nem namoro, nem emprego, nem felicidade, que aliás, a dita cuja vai e volta, mas não é para sempre. ‘Pra sempre’ é uma grande utopia que colocam nas nossas cabeças, para que nós pensássemos que sempre teríamos o que é bom e nos traz satisfação.
Segundo o dicionário sempre significa ‘em todo o tempo; a todo momento; a toda hora, continuamente; eternamente’. As amizades até duram um bom tempo, mas não são eternas. O carinho, o afeto pelo amigo sim, esses sentimentos são a todo tempo e eternos, excedendo passado e futuro, mas chegam momentos em que as vidas bifurcam-se, as pessoas seguem caminhos diferentes, carreiras, cidades, opiniões etc. No caso delas basta a primeira mudança de colégio para que se afastem, ou se forem amigas porque os pais são amigos, basta uma brechinha para a distância entrar. Eu mudei de cidade duas vezes, deixei pessoas muito queridas em ambas, o amor será ‘pra sempre’, mas nossa convivência foi temporária, o tempo suficiente que nossas vidas precisaram se encontrar e tornar-se inesquecível.
Só que, o que era para ser ‘pra sempre’ sempre acaba, e é inevitável, mas não que seja ruim. Nas nossas vidas entram e saem pessoas a todo o momento. Pare e reflita, quantas pessoas maravilhosas, daquelas de passar horas sentada do meio fio conversando, foram saindo de fininho, sem querer da sua vida? Não que queríamos, afinal, sempre desejamos as coisas boas eternamente. Tenho amigos de infância, amigos de escola, de faculdade, de internet (sim, eu fui/sou uma adolescente na ascensão do mundo virtual), de festa, de bar, de tudo que é lugar, e de todos os tipos. E me dói saber que não é para sempre. É uma coisa rotativa, entram algumas e saem outras, porém Chaplin há muito tempo já nos confortava: “cada pessoa que passa em nossa vida, não passa sozinha, e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si, e leva um pouco de nós...”
Tomara que a utopia do ‘pra sempre’ não continue nos machucando quando acordarmos e enxergarmos que tudo é temporário; que possamos continuar enxergando colorido, e acreditando nos acasos mesmo sabendo que conto de fadas não existem e que o ‘foram feliz para sempre’ não se aplica no mundo real. Alias, nessa evolução dos contos de fada, desde as histórias da Mamãe Gansa, da Dona Carochinha, do Charles Perraut, apesar de que, nos contos do Charles Perraut nem sempre existia ‘felizes para sempre’ porque ele escrevia com a intenção de divertir e de moralizar para que a sociedade não virasse bagunça. As histórias da Mamãe Gansa e da Dona Carochinha também tinham essa função, mas era na oralidade. O problema foi quando os bem-aventurados irmãos Grimm resolveram modificar os contos do Charles Perraut, deixando a tragédia e a comédia de lado,e incorporando o ‘foram felizes para sempre no final’ só para iludir as criancinhas. Eu sempre quis saber quem foi o inventor dos finais perfeitos, e agora sei, droga. Maldosos, isso não se faz.. É tudo tão lindo que chega doer quando a realidade bate à porta. E que essas garotas possam continuar sonhando, mesmo depois de saberem de tudo isso, mas é lógico que ninguém vai contar, já que o fascinante é aprender na prática.
Yara Regina

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

O marketing do Natal


Há alguns anos que o Natal deixou de ser uma data religiosa e tornou-se uma data comercial.
As pessoas já não dão mais tanta importância para a tradição de reunir a família e comemorar o nascimento de Jesus, mas ficam profundamente chateadas se não ganham presente de Natal. Essa data é só mais um motivo para festas regadas a bebida, comida aos montes e trocas de presentes.
Os comerciantes agradecem, pois o aumento das vendas gira em torno de 25% (vinte e cinco por cento). E como eles querem sempre mais, a cada ano, eles fazem mais coisas para chamar a atenção dos consumidores. Enfeitam as lojas, colocam os produtos em promoção, dividem a compra em inúmeras parcelas, ficam abertos até mais tarde e até colocam o bom velhinho na porta para impressionar.
Os supermercados enchem de gente nas vésperas do Natal. Todos gastando horrores para ter uma ceia maravilhosa e farta. Mas, às vezes me pego pensando que sentido isso tem se tantas outras famílias não vão ter uma ceia tão boa assim, ou nem ceia terão. Teria mais sentido comemorar o Natal se as pessoas que tem condições, ajudassem o próximo, para que todos tivessem o que comemorar e com o que comemorar. Tínhamos que ser solidários não só no Natal, mas o ano inteiro, pois como aquela frase feita já diz “Natal é todos os dias, sempre que o homem quiser”.
Jesus ficaria contente em nos ver orando, por Ele, por nós, para as pessoas próximas e até mesmo desconhecidas. E ficaria mais contente ainda se visse as pessoas se relacionando bem, se respeitando, sem brigas, sem ódio no coração e se perdoando. Afinal Jesus nasceu para nos ensinar isso.
Com essa explosão do comercio, as pessoas vão ficando cada vez mais capitalistas e se esquecem do verdadeiro sentido do Natal.

sábado, 10 de novembro de 2007

Mulheres Modernas

Estive lendo o livro Triste Fim de Plocarpo Quaresma, de Lima Barreto há um tempo e, bem no início, o autor enfatiza como as crianças eram educadas no começo do século XX. As garotas, desde pequenas, eram educadas para o casamento. Tudo o que faziam ou aprendiam era para ser utilizado no casamento, como cuidar da casa, cozinhar, tricotar, bordar etc. "[...] A instrução, as satisfações íntimas, a alegria, tudo isto era inútil, a vida se resumia numa coisa: casar.[...]".
Este trecho do livro chamou-me a atenção para o quanto a mentalidade e a educação das crianças mudaram ao longo do século. Atualmente, as mulheres não sao projetadas para o casamento, elas têm liberdade e igualdade sexual, objetivos pessoais, demonstram seus sentimentos e não passam mais a vida à espera deste compromisso como antigamente, mas preocupadas com o futuro profissional, por exemplo, com o sucesso e o reconhecimento que almejam ter, e com a independência sexual.
É normal se perguntar a uma garota de ou 17 anos a opinião sobre casamento e ouvir um sonoro "Deus me livre". Porém há outro grupo que até pensam em casar-se, mas somente depois de ter se graduado na universidade, que é para nao depender de marido.
Há ainda o grupo das que não pensam em casamento, mas querem ter filhos, já ouviram falar em "produção independente"? Meu Deus, aonde este mundo irá parar... Imaginem a confusão na cabeça dessa criança, não tendo um modelo de família com pai e mãe para crescer e apoiar-se. É a ascensão da mulher moderna. Esta geração de mulher auto-confiante que tem conseguido superar os obstáculos e ganhar espaço na sociedade machista. Obtendo a igualdade tão sonhada e já não dão mais a mesma atenção que nossas avós davam aos homens, despertando certa indignação deles.
É por conta dessa independência total, elas já não estão se envolvendo tanto em relacionamentos sérios, querendo mais é "curtir a vida", quando não percebem que estão desvalorizando-se ao "caçar", tomando atitudes que em outras épocas os homens tomariam. Isso é péssimo, a imagem da mulher do século XXI deveria ser outra.
Trocando em miúdoos, a mulher moderna é aquela que sabe bem o que quer, é segura por natureza, embora algumas vezes, tenha crises de carência. É aquela que faz charme, que trabalha, estuda e ainda tem pique pra balada do fim de semana. Que aceita as diferenças de raça, sexo, orientação sexual, partido político, religião, cor preferida etc. É não acreditar em príncipe encantado, nem em "eu te amo´s", mas, sim, que alguém possa se identificar e ter uma relação com ela. É ser livre de preconceitos, de idéias ultrapassadas. É lutar pelo que quer, acreditando com garra, seja pelas crianças abandonadas, seja para fazer tratamentos de beleza dolorosos e malucos.
Definitivamente, não sou tão moderna assim.

PS: Artigo feito quando eu era colunista do site, nao lembro se era o Zapeando ou o Akitemagito, mas na prova que eu tive semana passada na facul eu adaptei para crônica.