sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Efeito Urano



O Efeito Urano - Fernanda Young
"Após esse dia, nunca mais a vi, até que nos reencontramos - sendo impressionante que "nunca mais" possa ser usado desse jeito, "nunca mais até que...". Mais impressionante do que isso só mesmo ver uma pessoa numa festa, achá-la patética, e tempos depois a estarmos amando, para tempos depois não estarmos mais. Essa incoerência do amor quando revisto. Penso muito nisso, mais do que necessário. Em como é "desconcertante rever um grande amor". Você olha pra ele e não sabe onde foi parar aquilo tudo que deveria estar eternamente ali. Onde vai parar o sempre quando sempre acaba? Claro "que seja eterno enquanto dure", e então não é eterno, pois a eternidade é infinita e finito é o amor, não é isso?"



Esse trecho da Fernanda Young é perfeito. Já assistiram "Irritando Fernanda Young"? Definitivamente, o nome deveria ser "Irritando Quem Assiste", odeio o programa dela com todas as minhas forças, ela pessoa me irrita profundamente, mas a criatura escreve fodasticamente bem, revoltada, reflexiva, tudo de bom. Esse trecho que eu vi numa comunidade do orkut me remeteu a certas experiências recentes. É, eu me envolvo em cada uma que nem eu acredito, mas no fim todas tem alguma coisa a me ensinar, ou as pessoas envolvidas a aprender comigo. De certo que na vida tudo é um escambo, aprendemos com uns, ensinamos outros, uns apenas curtimos, e como já dizia Charles Chaplin: "Cada pessoa que passa em nossa vida, deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. O bom da vida é isso aventuras bizarras a cada dia, sem aventura, sem coisas diferentes a vida fica tão sem cor. Minha vida tá bege, ou preta e branca ultimamente e eu já estou ficando desesperada. A intensidade de cada encontro é que dita se valeu a pena. Não digo só encontro homem - mulher, mas todos os encontros com todas as pessoas que passam pela gente, tem que se intenso, tem que marcar. Que adianta passar pela vida de alguém se daqui há dois dias ela nem lembrará que um dia você existiu. Gosto do extravagante, do improvável, do impossível e do inconsequente. Não adianta me olhar e ver uma pessoa meiga, de fato não o sou, ok, até sou um pouco, mas sou muito mais do que pareço ser. Não é porque foi intenso que tem que durar muito. Tudo dura o tempo preciso pra se tornar inesquecível e extasiante. Não é porque o caso vai durar uma noite que precisa ser morno. Odeio coisas mornas. Pois então, uma noite só, mas que seja aquela que você e a pessoa se joga de cabeça, se curtem, como se nunca mais fossem se encontrar, e no outro dia sorriem com cumplicidade como se nada tivesse acontecido, pronto, perfeito, morreu por isso? E é ai que muitas vezes temos o famoso medo de nos envolver. Mas que porra é essa de se envolver. Não é porque não quero me apaixonar, que vou me trancar num quarto escuro, ou sair ficando com mil caras que nao valem a pena. Melhor um de vez em nunca mas que valha a pena.
Quando comecei a escrever nao ia falar nada disso, acabei falando de futuro ao invés de falar do passado. Mas já tentei escrever sobre esse "acontecimento" umas vezes e nunca sai nada que preste, será porque não é mesmo? Foi insensato, louco, mas valeu a pena, e eu não sinto culpa nenhuma. Eu sabia que nunca mais iamos nos encontrar daquele jeito. Tinha esperanças, mas no fundo sabia que não. Amei, me apaixonei, me entreguei minha alma naquele momento, mas depois que subi na moto e fui embora, cada um seguiu seu rumo. Lembro até hoje quando disse pras minhas amigas "ele foi só o primeiro...", a primeira situação de desejo que vivi. As consequencias deste dia eu nao me preocupo nem um pouco, afinal quem não prestava era ele, e a traída na história não foi eu. Eu peguei a parte boa, ela que fique com o encosto de ter uma pessoa sem caráter. Eu não. Daqui há alguns anos quando ele se arrepender, será tarde demais, estarei com um gatissimo lindo da minha idade, e ele? Ele estará curtindo a "mãe" que ele nao teve. Definitivamente eu não "pegaria" meu pai. Mas tem gosto pra tudo.
E de certo que ele foi o primeiro a se interessar e deixar que eu soubesse disso, e mesmo sem ninguém saber, parece que foi um chamariz. Depois dele, alguns outros apareceram. E eu me sentindo completa por entrar nessa e sair melhor ainda, sozinha e sem nenhum mundo no coração, decidi que daqui pra frente, se nao for aventura e nao tiver intensidade, nem perderei meu precioso tempo.
"Um brinde aos nossos namorados que nos conquistaram, aos sortudos que ainda vão nos conhecer e oas trouxas que nos perderam. Um brinde a nós, mulheres maravilhosas, absolutas e portadoras da sedução, que nenhum filho da puta sabe dar valor! Que os nossos sejam nossos, que os delas sejam sempre nossos, que os nossos nunca sejam delas, e que se forem delas, que brochem!!! Que sobre, nunca nos falte,e que a gente dê conta de todos..."

domingo, 17 de agosto de 2008

Não te amo não - Almeida Garret

"Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,

A calma - do jazigo.

Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.

E a vida - nem sentida

A trago eu já comigo.

Ai! não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero

De um querer bruto e fero

Que o sangue me devora,

Não chega ao coração.

Não te amo.

És belo; e eu não te amo, ó belo.

Quem ama a aziaga estrela

Que lhe luz na má hora

Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,

De mau, feitiço azadoEste indigno furor.

Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto

Que de mim tenho espanto,

De ti medo e terror...

Mas amar!... não te amo, não."
PS: Sem tempo e criatividade pra postar...adoro esse poema, Almeida Garret entendia do assunto.