segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Vá em paz


Love in the afternoon - Legião Urbana
"É tão estranho

Os bons morrem jovens

Assim parece ser

Quando me lembro de você

Que acabou indo embora

Cedo demais.

Vai com os anjos! vai em paz.

Era assim todo dia de tarde

A descoberta da amizade

Até a próxima vez.

É tão estranho

Os bons morrem antes

Me lembro de você

E de tanta gente que se foi

Cedo demais

E cedo demais

Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis

Só não aprendi a perder

E eu, que tive um começo feliz

Do resto não sei dizer.

Lembro das tardes que passamos juntos

Não é sempre mais eu sei

Que você está bem agora

Só que este ano

O verão acabou

Cedo demais."


Você faria 21 anos agora dia 18 de novembro. Tinha a minha idade, e ficaria um ano mais velho. Lembro-me até hoje da época que te conheci, eu tinha uns 13 anos e você 14. Moravamos perto, frequentávamos o mesmo clube, você fazia tênis e eu volei, você se parecia muito com um amigo meu e aparentava ser mais novo, eu e minha amiga sempre passavamos por você e brincavamos que você era o Guerra, que por acaso era seu amigo também. Depois mudei pro Mato Grosso e descobri que você era filho do amigo do meu pai e que se mudaria pra lá em breve. Mundo pequeno este, não? Nunca fomos amigos, eu sei, mas eu nos conheciamos e eu gostava de você. Você chegou naquela cidade todo arredio, mas depois nem parecia a mesma pessoa, os anos foram passando, voce foi se adaptando lembro de ter comentado com meus pais "O Léo nem parece o mesmo, está muito simpático.". Assim como lembro da última vez que nos falamos na loja do seu pai, quando eu estava de mudança pra Santos. Sei que nao eramos proximos, mas estou sofrendo com a sua ausência neste mundo. Essa música do legião expressa, o que eu, seus amigos e sua familia estão sentindo.


Aliás, você nao podia ter feito isso conosco. Foi embora cedo demais, tinha todo um futuro pela frente. Mas eu entendo que sua missão foi cumprida, e Deus te quis mais cedo com Ele. E que bom que nao sentiu dor. Então vá em paz, meu querido, olhe por nós daí de cima, onde o mundo é azul e de paz. Até a próxima vez.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Você




Te idealizei como uma pequenina que acredita em príncipe encantado. Pintei o seu rosto, sua boca, seus olhos com a delicadeza de um anjo e a sagacidade da serpente.

Te esperei como chuva pelo deserto, ansiosa e segura de que viria mais cedo ou mais tarde.

Te procurei em todos os lugares, em todas as esquinas e você sempre esteve onde menos imaginei.

Te encontrei e sabia que era você. Soube só de olhar.

Mas você chegou assim, sem avisar, e eu esqueci de que você era apenas um ser humano com sua vida e suas caracteristicas próprias e não meu príncipe idealizado.


Te senti como se no mundo só houvesse nós, perdidos no tempo e no espaço.

Então te perdi, perdi o que só tive em minhas ilusões, perdi o que nunca tive. Perdi o girino real.

E quer saber? Sou independente demais pra ficar presa a você. E não é porque uma rosa me espetou que ficarei com raiva da primavera. Ainda espero por muitos principes idealizados e girinos reais.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Relacionamento


Hoje, Jabor falará por mim:


"'Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim.Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:-Ah,terminei o namoro...-Nossa, estavam juntos há tanto tempo.....-Cinco anos...que pena...acabou....-é...não deu certo...Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.Às vezes voce não consegue nem dar cem por cento de voce para voce mesmo, como cobrar cem por cento do outro?E não temos essa coisa completa.Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.Tudo junto, não vamos encontrar.Perceba qual o aspecto mais importante para voce e invista nele.Pele é um bicho traiçoeiro.Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate...se joga...se não bate...mais um Martini, por favor...e vá dar uma volta.Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.O outro tem o direito de não te querer.Não brigue, não ligue, não dê pití.Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar.... ou não.Existe gente que precisa da ausência para querer a presença. O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.Nada de drama.Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?O legal é alguém que está com você, só por você.E vice versa.Não fique com alguém por pena.Ou por medo da solidão.Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.Tem gente que pula de um romance para o outro.Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?Gostar dói.Muitas vezes voce vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração.....Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse....A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta.Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.Na vida e no amor, não temos garantias.Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.Nem todo beijo é para romancear.E nem todo sexo bom é para descartar... Ou se apaixonar... Ou se culpar...Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ???"
PS: Não, eu não estou bem. Sim, eu quero que todos os relacionamentos vão pra puta que o pariu. Que todos os casais fiquem em suas casas, que todos os homens e mulheres bonitas nao apareçam na minha frente. É que eu saía dessa revolta logo. E que minha menstruação de todo mês desça logo, não aguento mais essa tpm infeliz. Amém.

domingo, 14 de setembro de 2008

Quem



Quem sou eu,

Quem é você

Nno meio dessa confusão?

Já nao consigo saber,

Nem controlar mais nada

As coisas acontecem por si só,

Talvez em vão

E se repetem sem pedirmos

Algumas boas,

Outras nem tanto

Algumas lembranças me fazem mal

Outras me enchem de vida

E seu sorriso está entre elas.


quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ela é puro êxtase


A minha vontade é mandar-te para "puta que pariu" e sabe porquê? Porquê o teu distanciamento me irrita e me incomoda, simples assim. Quando você passa do meu lado e finge que não vê, eu quase pulo em teu pescoço, chamando-te de mal-educado. E sabe porquê? Porquê tu és um covarde que tem medo de mim, de tu mesmo e de teus sentimentos.
Tenho raiva de ti, raiva de mim por um dia ter deixado que tu entrasses em minha vida, por um dia ter conhecido-te. Lembra quando tu me perguntaste se eu não tinha medo de me apaixonar? De fato, eu não tinha e não tenho, sentimento existe pra ser sentido, oras. E por incrível que pareça eu me "apaixonei", não daquelas paixões que diz "eu te amo", mas daquelas que incomodam, ficam igual a pedra em sapato, lembrando que está ali, desconcentrando, e fazendo de idiota nas horas mais improváveis. Na verdade não amo, apenas desejo, um desejo maior que eu e você juntos, desejo de saciar um orgulho ferido.
Pra ser sincera, eu ainda sonho com o dia em que tu me envolverás bem forte com teu abraço e me dirás que tudo não passou de um sonho ruim. Ainda sonho com o dia em que seroa só eu e tu, o dia em que serias só meu e eu só tua. Queria que estivesses por perto para proteger-me quando eu precisasse, mas impossível é, uma vez que de tudo que eu mais preciso me proteger é de ti.
Ainda lembro do teu beijo, que é como uma daquelas drogas bem pesadas. A euforia durou quase um mês, nesse meio tempo beijei outra boca doce de êxtase que prolongou o efeito. Porém a realidade deu o ar da graça, trazendo o segundo estágio da droga. Eu nunca mais terei você e nem quero, porque droga que traz euforia e depois a morte, não quero, desejo apenas essas mais doces que prolongam o efeito e me mantém livre.
Sofro, choro, sonho, mas acordo e vivo meu presente sem você pra sempre.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Efeito Urano



O Efeito Urano - Fernanda Young
"Após esse dia, nunca mais a vi, até que nos reencontramos - sendo impressionante que "nunca mais" possa ser usado desse jeito, "nunca mais até que...". Mais impressionante do que isso só mesmo ver uma pessoa numa festa, achá-la patética, e tempos depois a estarmos amando, para tempos depois não estarmos mais. Essa incoerência do amor quando revisto. Penso muito nisso, mais do que necessário. Em como é "desconcertante rever um grande amor". Você olha pra ele e não sabe onde foi parar aquilo tudo que deveria estar eternamente ali. Onde vai parar o sempre quando sempre acaba? Claro "que seja eterno enquanto dure", e então não é eterno, pois a eternidade é infinita e finito é o amor, não é isso?"



Esse trecho da Fernanda Young é perfeito. Já assistiram "Irritando Fernanda Young"? Definitivamente, o nome deveria ser "Irritando Quem Assiste", odeio o programa dela com todas as minhas forças, ela pessoa me irrita profundamente, mas a criatura escreve fodasticamente bem, revoltada, reflexiva, tudo de bom. Esse trecho que eu vi numa comunidade do orkut me remeteu a certas experiências recentes. É, eu me envolvo em cada uma que nem eu acredito, mas no fim todas tem alguma coisa a me ensinar, ou as pessoas envolvidas a aprender comigo. De certo que na vida tudo é um escambo, aprendemos com uns, ensinamos outros, uns apenas curtimos, e como já dizia Charles Chaplin: "Cada pessoa que passa em nossa vida, deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. O bom da vida é isso aventuras bizarras a cada dia, sem aventura, sem coisas diferentes a vida fica tão sem cor. Minha vida tá bege, ou preta e branca ultimamente e eu já estou ficando desesperada. A intensidade de cada encontro é que dita se valeu a pena. Não digo só encontro homem - mulher, mas todos os encontros com todas as pessoas que passam pela gente, tem que se intenso, tem que marcar. Que adianta passar pela vida de alguém se daqui há dois dias ela nem lembrará que um dia você existiu. Gosto do extravagante, do improvável, do impossível e do inconsequente. Não adianta me olhar e ver uma pessoa meiga, de fato não o sou, ok, até sou um pouco, mas sou muito mais do que pareço ser. Não é porque foi intenso que tem que durar muito. Tudo dura o tempo preciso pra se tornar inesquecível e extasiante. Não é porque o caso vai durar uma noite que precisa ser morno. Odeio coisas mornas. Pois então, uma noite só, mas que seja aquela que você e a pessoa se joga de cabeça, se curtem, como se nunca mais fossem se encontrar, e no outro dia sorriem com cumplicidade como se nada tivesse acontecido, pronto, perfeito, morreu por isso? E é ai que muitas vezes temos o famoso medo de nos envolver. Mas que porra é essa de se envolver. Não é porque não quero me apaixonar, que vou me trancar num quarto escuro, ou sair ficando com mil caras que nao valem a pena. Melhor um de vez em nunca mas que valha a pena.
Quando comecei a escrever nao ia falar nada disso, acabei falando de futuro ao invés de falar do passado. Mas já tentei escrever sobre esse "acontecimento" umas vezes e nunca sai nada que preste, será porque não é mesmo? Foi insensato, louco, mas valeu a pena, e eu não sinto culpa nenhuma. Eu sabia que nunca mais iamos nos encontrar daquele jeito. Tinha esperanças, mas no fundo sabia que não. Amei, me apaixonei, me entreguei minha alma naquele momento, mas depois que subi na moto e fui embora, cada um seguiu seu rumo. Lembro até hoje quando disse pras minhas amigas "ele foi só o primeiro...", a primeira situação de desejo que vivi. As consequencias deste dia eu nao me preocupo nem um pouco, afinal quem não prestava era ele, e a traída na história não foi eu. Eu peguei a parte boa, ela que fique com o encosto de ter uma pessoa sem caráter. Eu não. Daqui há alguns anos quando ele se arrepender, será tarde demais, estarei com um gatissimo lindo da minha idade, e ele? Ele estará curtindo a "mãe" que ele nao teve. Definitivamente eu não "pegaria" meu pai. Mas tem gosto pra tudo.
E de certo que ele foi o primeiro a se interessar e deixar que eu soubesse disso, e mesmo sem ninguém saber, parece que foi um chamariz. Depois dele, alguns outros apareceram. E eu me sentindo completa por entrar nessa e sair melhor ainda, sozinha e sem nenhum mundo no coração, decidi que daqui pra frente, se nao for aventura e nao tiver intensidade, nem perderei meu precioso tempo.
"Um brinde aos nossos namorados que nos conquistaram, aos sortudos que ainda vão nos conhecer e oas trouxas que nos perderam. Um brinde a nós, mulheres maravilhosas, absolutas e portadoras da sedução, que nenhum filho da puta sabe dar valor! Que os nossos sejam nossos, que os delas sejam sempre nossos, que os nossos nunca sejam delas, e que se forem delas, que brochem!!! Que sobre, nunca nos falte,e que a gente dê conta de todos..."

domingo, 17 de agosto de 2008

Não te amo não - Almeida Garret

"Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,

A calma - do jazigo.

Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.

E a vida - nem sentida

A trago eu já comigo.

Ai! não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero

De um querer bruto e fero

Que o sangue me devora,

Não chega ao coração.

Não te amo.

És belo; e eu não te amo, ó belo.

Quem ama a aziaga estrela

Que lhe luz na má hora

Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,

De mau, feitiço azadoEste indigno furor.

Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto

Que de mim tenho espanto,

De ti medo e terror...

Mas amar!... não te amo, não."
PS: Sem tempo e criatividade pra postar...adoro esse poema, Almeida Garret entendia do assunto.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Vidas pela janela


Costumo lavar a louça olhando pela janela, deve ser por isso que vivo me cortando, mas não importa. Dizer que gosto, não, não gosto, nem de cozinhar, que dirá de lavar a louça suja, mas já que é preciso, transformo o momento em reflexão, em poesia. Pela janela posso ver uns três ou quatro prédios próximos, mais um monte distante, alguns telhados de sobrados ou prédios pequenos, já que moro no segundo andar, e com isso tudo, muitas, muitas janelas. Vejo o sol batendo nas janelas e no azulejo branco da fachada do prédio, iluminando a vida de cada ser que ali habita, vejo a chuva escorrendo por cada vão, lavando, limpando, purificando os pensamentos. Nos dias nublados e frios, parece que a vista está de mau humor, os pássaros nao sorriem, nada tem cor, e o azulejo branco não brilha.
Gosto do prédio de azulejo branco, é dali que vejo a maior parte das janelas. Elas diferenciam-se entre si, apesar de terem um padrão. Algumas tem insulfilme, outras vidro liso, outras vidro ondulado, outras sem vidro. Reparo sempre nas janelas da área de serviço, tem sempre roupa pendurada, sapato secando. Mas nesse horário, nunca vejo ninguém, só coisas. É a correria do mundo moderno. Fico imaginando quantas pessoas habitam em cada janela que olho. Como são, o que fazem. Olha a infinidade de possibilidades em cada janela. Há no mínimo duas ou três pessoas que moram em cada janela; duas ou três personalidades, dois ou três gostos, dois ou três sonhos, objetivos de vida, desejos, anseios, fantasias sexuais ou não. Como será que são fisicamente? Gordos? Magros? Atraentes? Homens? Mulheres? Crianças? Não importa, o que importa mesmo é que o barato da vida é sermos todos diferentes, às vezes penso que somos levados pela massa que se tornou a sociedade, mas a verdade é que cada um é cada um, especial de uma forma única, com seus erros, acertos, qualidades e defeitos, com seus gostos exóticos e desejos improváveis. Não gosto de gente que segue o padrão que a sociedade impõe. Eu não sigo, minhas amigas não seguem. Ao meu redor, tem muitas pessoas que seguem, fodam-se, não julgo, não critico, mas também não gosto. Sempre busquei ser diferente, e está aí o sentido de ser. Sempre quis fazer tatuagem, mas hoje em dia, todo mundo tem, então, nao quero mais, perdi o desejo. Olhem as janelas do prédio de azulejo branco, até elas que foram construídas de acordo com um padrão, não o são mais.
Talvez esse seja o sentido da vida, buscar em si, o que você é na essência. Eu demorei pra procurar me conhecer, e a cada dia me surpreendo com sensações e sentimentos que eu nao sabia que era capaz de sentir ou pensar. Mas essa sou eu, me amo desse jeito, "nao quero ter a terrível limitação de viver somente do que é possível fazer sentido. Eu não. Quero uma verdade inventada.", sábia Clarice Lispector quando disse essa frase, o que é possível fazer sentido age de acordo com pudores de uma sociedade hipócrita. "Eu não traio, eu não desejo, eu não bebo, eu não faço, eu não aconteço...", quando na realidade esses são nossos maiores desejos mais secretos, que guardamos no mais íntimo que podemos, e ainda julgamos quem deixa aflorar, quanta hipocrisia. Admiro os que tem coragem de fazer igual a música do Kid abelha "e com a cara mais lavada, digo, por que não?" sem culpa e sem remorso. Pra fechar com chave de ouro, lembro do texto "o quase" de Luís Fernando Verissimo:
"Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga,quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."
Esse texto é perfeito, há umas duas semanas atrás eu trabalhei no festival de teatro do colégio que eu trabalhava, e ajudei uma garota do segundo colegial a decorar este texto. O teatro da sala dela era uma adaptação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, transformada em Memórias Póstumas de uma adolescente. Ficou show, perfeito, e a Thaís no papel principal caiu como uma luva. Ela deve ter seus 16 anos. Mas é desencanada, tem sua personalidade, seu estilo, seu jeito, faz e fala o que dá na telha, uma vez ela fez uma piada comigo e eu demorei para me tocar que ela tava me zoando. Apesar de ser uns 4 anos mais velha que ela, eu a admiro e respeito, como pessoa. São pessoas assim que levam-nos a questionar o que estamos fazendo da porra da nossa vida.

sexta-feira, 13 de junho de 2008


Elevador - Ana Carolina

"Pra que,
Te espero de braços abertos
Se você caminha pra nunca chegar
Então vou no fundo
Ameaço ir embora
Você diz que prefere quem sabe ficar
Eu queria tanto
Mudar sua vida
Mas você não sabe se vai ou se fica
Eu tenho coragem
Já estou de saída
Você diz que é pouco
E pouco pra mim não é bobagem
[....]
Então me lanço,
Me atiro em frente ao seu carro
E ai você decide se é guerra ou perdão
Se na vida eu apanho
Outras vezes eu bato
Mas trago a minha blusa aberta e uma rosa em botão
[...]
O tempo do passado tá em outro tempo
Lembrando de nós dois em um instante que não pára
Viver é um livro de esquecimento
Eu só quero lembrar de você até perder a memória
[...]"

domingo, 27 de abril de 2008

Ausência de você


Você chegou sem avisar, foi tomando seu espaço, marcando seu território, e ganhando minha atenção. Mas foi embora, pra quem sabe um dia voltar. A distância que nos separa não é física, pois sei que estás nesse exato momento, há algumas quadras daqui, e vem ver-me semanalmente. Mas cansei, cansei dessas visitas automáticas que tornaram-se as suas vindas, cansei de você e do seu amor mecânico. Porque ainda aguento tudo isso? Porque com você pude ser eu mesma, pude amar, pude ser amada, fazer feliz, ser eu mesma, realizar fantasias, e quer saber o que me resta? E o que faz-me aceitar essa situação? A memória. As lembranças que sua presença me resgata por causa do seu romantismo lascivo, que de tão doce chega a ser perturbante.
'Lembro daquela noite de outono que o conheci, um moreno de ar sedutor, vestido num fraque, um black tie irresistível. Não só percebi sua presença como, segui-o com meus olhos. E sei que no mesmo instante reparaste em mim também, a morena de vestido preto contrastando com a pele claríssima, em cima de uma sandália dourada de salto, como ele mesmo descreveu mais tarde. A troca de olhares manteve-se o evento todo, e no final, antes de começar a parte badalada, como se não quisesse perder-me, segurou meu braço com a violência de um desejo e convidou-me para uma dança. Justo a valsa final. Um passo pra lá, um pra cá. Seu rosto colado ao meu, seu pescoço alinhado ao meu queixo, embreagando-me de seu perfume envolvente, que atiçou-me os sentidos. Ao findar da música levou-me para a parte externa, com a desculpa de tomar um ar, mas tudo o que fez foi deixar-nos ofegantes. Sorriu timidamente e beijou-me com o desejo contido, com a magia das fantasias. A sensualidade brotava a cada toque, suas mãos percorriam o meu corpo, desvendando mistérios jamais descobertos. As minhas mãos trêmulas não sabiam o que fazer, então deslizava em seu corpo suavemente. Mãos que correm, percorrem, alisam, deslizam, despenteiam...
O cenário contribui, folhas caindo, a lua refletindo no lago, as estrelas brilhando, e nós, naquela imensidão de minuto, aproveitando cada milimetro de nossos corpos. O único céu que eu queria e conseguia tocar nesse instante era o céu da sua boca, num abraço apertado. A língua que lambe e desliza pescoço a fora arrepiava-nos e descobria sabores desconhecidos.
As mãos que antes passeavam suavemente, agora cravam as unhas que ferem de desejo, deixam marcas de um momento de êxtase, e prazer contido na pele.
Depois desse dia, nos víamos frequentemente, e era sempre uma explosão de paixão, e foi assim meses a fio, ele foi o meu melhor homem, o meu único homem, a quem me entreguei e vivi momentos intensos.'
Escrevo, porque assim eternizo nossos momentos únicos, deixo gravado pra sempre, pra você lembrar de como nos completávamos tanto no amor, quando no desejo, e volta a ser o meu fiel amor e amante, que me faz viver e de tanto me amar, me deixa com ressaca de você. Sei que nada disso faz sentido, mas algum dia nós fizemos?
Detesto sua ausência, essa que me impreguina de você.
PS: Desculpem-me o sumiço do blog, é falta de tempo e criatividade, esse conto eu publiquei há um tempo atrás no blog Polifonias Literarias. Beijos.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Tráfico de Seres Humanos




“Ela me disse que eu poderia ganhar o que eu ganho em um mês, em apenas uma semana, proposta tentadora, não me disse ao certo que tipo de trabalho era, disse apenas que era coisa boa, segura, um trabalho ‘firmeza’ na Europa e que era para eu estar sexta feira, nove horas naquele endereço. Quando cheguei lá já estavam com o visto e o passaporte prontinho ‘pro’ embarque ‘pra’ Europa. Na Europa havia pessoas me esperando, sabiam até a roupa que eu estava usando, me levaram para um apartamento, onde já estavam algumas mulheres. Éramos escravizadas, tínhamos que fazer todo o serviço doméstico, e ainda trabalhar como prostitutas, sem ligar pra horários e cansaços físicos, se não concordávamos com alguma coisa, éramos cruelmente ameaçadas de ser entregues para a polícia da imigração, que diziam ser a pior, que espancavam e até executavam os imigrantes, quem iria saber se realmente estavam mentindo, naquele cenário? Era mais fácil obedecer”. Depoimento de uma mulher que foi vitima do tráfico de seres humanos, retirado do programa de televisão Direitos de Resposta.
Cena deprimente, que retrata apenas um caso de tráfico de mulheres, enviando-as para outros países, com destino a indústria do sexo. Muitas pessoas nunca ouviram falar sobre este assunto, mas é uma realidade que atinge a sociedade mundial, é a mais moderna forma de escravidão. Mulheres e adolescentes são os maiores alvos para os traficantes, as crianças e os homens, em menor quantidade, também são visados por eles. Apesar de 43% das pessoas traficadas serem enviadas para a exploração sexual e movimentarem 31 bilhões de dólares por ano, são enviadas também para qualquer tipo de trabalho escravo, doação involuntária de órgãos para transplante, entre outros.
Primeiramente falando sobre o tráfico de mulheres com destino a indústria do sexo, no Brasil, são em sua maioria adultas, e saem principalmente das cidades litorâneas como Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife e Fortaleza, mas há também registros consideráveis de casos nos estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Pará. Os destinos principais são a Europa com destaque para a Itália, Espanha e, mais recentemente, Portugal e países da América Latina como Paraguai, Suriname, Venezuela e Republica Dominicana. Em áreas interioranas, em grande parte das vezes, as vítimas não atuam como profissionais do sexo no Brasil e partem para o exterior motivadas por falsas promessas de emprego e vida melhor, como foi relatado no depoimento no começo do artigo. Já no caso das fronteiras litorâneas, o turismo sexual praticado internamente, principalmente em grandes metrópoles, é o principal elo com as redes internacionais de tráfico de pessoas. Nesses casos, o acesso fácil de brasileiras a estrangeiros interessados em sexo pago potencializa o contato delas com as redes internacionais. Neste contexto, é comum que as mulheres alvo das redes de tráfico tenham envolvimento anterior com a prostituição.
Podem acontecer casos como estes, das pessoas irem por livre e espontânea vontade, porém iludidas, mas também são freqüentes seqüestros nas fronteiras territoriais. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OTI) mais de 2,4 milhões dos trabalhadores forçados são vítimas do tráfico internacional de pessoas.
Devido a estes acontecimentos tornarem-se dia-a-dia mais freqüente, o combate ao Tráfico de Pessoas se apresenta como uma questão prioritária para a comunidade global, pois a grande maioria dos países é afetada por este fenômeno. Nações e organizações internacionais, governamentais e não-governamentais estão unindo-se para criar programas e adotar leis severas contra este crime. Como é o caso do CMV (Coletivo Mulher Vida) que no dia da eliminação à violência contra a mulher (25/11) do ultimo ano mobilizou pessoas numa campanha muito bem organizada contra o trafico de seres humanos em Fortaleza, com panfletos e palestras.
Segundo o ministro da justiça, Thomaz Bastos, o tráfico de seres humanos é um crime que entra no rol dos crimes organizados, junto com tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro e que combatê-lo é uma prioridade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também diz que este é um crime que tem que ser tratado de forma diferenciada, porque é sutil e, muitas vezes, disfarçado por outras práticas legais e que para combatê-lo, é preciso trabalhar com sofisticação e em rede. A idéia é preparar o Estado, o Poder Judiciário e as polícias para investigar o crime de tráfico de seres humanos. E punir com mais eficácia as organizações criminosas para que esse crime seja realmente extinto de nossa sociedade. Também são necessárias campanhas de combate ao trafico de pessoas, mobilização da sociedade, e da sua ajuda, denunciando quando souber de algo suspeito.

Webgrafia: http://www.mulhervida.com.br/
http://www.mj.gov.br/
http://www.bancodedados.charme.org.br/

Direito de imagem: Centro Humanitário de Apoio à Mulher- CHAME

PS: Eu escrevi este artigo em janeiro de 2006, há dois anos atrás essa questão já era preocupante, e o que é visto hoje em dia não é um quadro muito diferente. Na novela Duas Caras de Aguinaldo Silva este tema tem sido abordado pela ‘ONG da Condessa’. É uma forma diferente de falar sobre este tema, já que a massa que assiste a novela geralmente não teve curiosidade ou acesso a essas informações, porque desde muito tempo as mulheres caem nesse golpe. É interessante que todos saibam da existência desses bandidos para que esta prática seja combatida. Espero que gostem. Apesar de ter sido escrito há dois anos, é super atual, deve ter muitas informações para atualizar, mas já basta para o alerta. Beijos.






Aproveito este post para agradecer (atrasada), os selos que recebi do meu querido Átila Siqueira, e aproveito para dedicar ao Blog www.biancafeijo.blogspot.com.


Blog cabeça e Diz até que não é um Mau Blog

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ausência de você

Hoje eu estréio com um conto no Blog Polifonias Literárias (http://www.polifonias-literárias.blogspot.com/), blog cujo fui convidada a participar e estarei postando provavelmente semanalmente. Espero que gostem. Beijos.
'Você chegou sem avisar, foi tomando seu espaço, marcando seu território, e ganhando minha atenção. Mas foi embora, pra quem sabe um dia voltar. A distância que nos separa não é física, pois sei que estás nesse exato momento, há algumas quadras daqui, e vem ver-me semanalmente. Mas cansei, cansei dessas visitas automáticas que tornaram-se as suas vindas, cansei de você e do seu amor mecânico. Porque ainda aguento tudo isso? Porque com você pude ser eu mesma, pude amar, pude ser amada, fazer feliz, ser eu mesma, realizar fantasias, e quer saber o que me resta? E o que faz-me aceitar essa situação? A memória. As lembranças que sua presença me resgata por causa do seu romantismo lascivo, que de tão doce chega a ser perturbante. ' (Continua... leia em http://www.polifonias-literarias.blogspot.com/)

domingo, 27 de janeiro de 2008

O tabu da virgindade feminina

Os conceitos e valores a cerca da virgindade feminina e masculina sempre foram diferentes, mas, a polêmica em relação à feminina é maior por envolver também um fator biológico: o hímem. O hímem é uma membrana localizada na entrada da vagina, que durante a infância tem a função de proteger a garota contra possíveis infecções, já que a criança não produz hormônios suficientes para proteger-se sozinha.
Antigamente era preciso ser virgem para obter respeito e garantir um bom casamento. As mulheres que transavam antes do casamento eram consideradas fáceis e sem valor algum. O preconceito era tanto por parte dos homens quanto por parte das outras mulheres. Mas, e agora, que respeito é conquistado de várias outras formas que não privação de sexo, numa época em que as mulheres não estão nem um pouco preocupadas e nem com prioridades no casamento?
Hoje em dia, muito mais que um fator biológico, a virgindade feminina é também um fator sócio-cultural, que envolve conceitos pessoais que foram evoluindo ao longo do tempo. Até que foi boa a evolução, a modernidade, mas o lado ruim foi a banalização do sexo. Virgindade virou um rótulo, não é mais apenas um hímem, porque há garotas que praticam outras modalidades de sexo, como o oral, com a finalidade de permanecerem 'virgens'. Que utópico! Ao meu ver, essas mulheres já não são mais virgens, mesmo que não tenha acontecido o rompimento do hímem.
Esse rompimento pode dar-se ao usar absorvente interno, ao cair de bicicleta etc, então essas garotas não são mais virgens por nao possuírem mais hímem, sendo que nunca tiveram contato mais íntimo com um homem, e o outro grupo que pratica outras formas de sexo, mas possuem hímem, são? Tiremos o hímem da história e veremos que o síntese de virgindade é subjetivo e vai muito além de fatores biológicos e físicos. É igualmente, a perca da inocência, o rompimento do hímem, mas também de tabus, (pré)conceitos e barreiras. É a liberação inconsciente da mulher moderna, a ascensão da liberdade sexual, que deve ser praticada com pessoas 'certas', com consciência e proteção, sem a banalização que tornou-se.
Perder a virgindade gera dor, e não apenas a dor física, mas também a dor emocional, porque não há mudança sem dor, e essa fase de transição de menina pra mulher gera conflitos também, por isso é legal que seja com carinho e prevenção, para o que é para ser bom, não tornar-se pesadelo. Não é complicado, na verdade se formos analisar a fundo, é simples até demais, porém ninguém senta e discute o assunto, facilitando a criação de monstros e tabus.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Escrevendo - Clarice Lispector

"Não me lembro mais onde foi o começo, foi por assim dizer escrito todo ao mesmo tempo. Tudo estava ali, ou devia estar, como no espaço-temporal de um piano aberto, nas teclas simultâneas do piano. Escrevi procurando com muita atenção o que se estava organizando em mim e que só depois da quinta paciente cópia é que passei a perceber. Meu receio era de que, por impaciência com a lentidão que tenho em me compreender, eu estivesse apressando antes da hora um sentido. Tinha a impressão de que, mais tempo eu me desse, e a história diria sem convulsão o que ela precisava dizer. Cada vez mais acho tudo uma questão de paciência, de amor criando paciência, de paciência criando amor."


Diante dessa crônica da Clarice, meus dedos ficam paralisados e nao conseguem escrever nem uma linha sequer. Perfeito. Penso e analiso cada palavra dela, elas refletem em mim como o sol nas águas de um rio, brilhando, e clareando toda a escuridão.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Olhares


Durante uma aula de filosofia, meu celular toca, olho o número, e não tenho a mínima idéia de quem seja, atender ou não atender, eis a questão. Professora, posso atender o celular? Parece que é algo importante. A professora concordou que eu saísse para atender. Atendi com um Oi curioso. Oi Yara, tudo bem? Disse a voz do outro lado. Tudo sim e com você? Quem é? Era o Rodrigo, aquele garoto lindo e simpático que eu conheci no carnaval.
- Ah.. Oi Rodrigo, desculpa a demora em atender o celular, estou na aula, não reconheci o numero e achei que pudesse ser algo importante, então sai para atender.
- Algo importante... E não é?
- É, claro que é... Mas eu não posso demorar senão a professora vai chiar.
- Mas eu preciso muito falar com você. À que horas terminam suas aulas?
- Às 22:45, porque?
- Posso passar pra te pegar, assim podemos conversar melhor?
- Pode, te espero aqui na frente do colégio, mas agora preciso desligar, beijos.
- Beijos.


Mas o que será que o Rodrigo quer comigo? Como será que ele conseguiu o número do meu celular? Eu não estava agüentando de curiosidade, aquela meia hora de aula parecia durar uma eternidade. Mas para a minha felicidade quando saí, ele já estava lá à minha espera, encostado no carro e tão aflito e ansioso quanto eu. O encontro de olhares foi mágico. Eu disse oi, dei-lhe um beijo no rosto e parei diante dele, não conseguia me mexer diante de seus olhos. Ele também ficou parado como uma estatua, e depois de alguns instantes observei que se eu estava olhando nos olhos dele, ele também estava olhando nos meus. Vamos? Disse ele. Entrei no carro sem saber ao menos para onde estávamos indo, acho que ele também não sabia. A música que estava tocando era linda, ah que música! Estava tudo muito perfeito para ser verdade, mas por incrível que pareça, era. Ele parou o carro num lugar tranqüilo e começamos a conversar sobre os mais diversos assuntos, fiquei sabendo muito da vida dele, e ele da minha, o tempo passou e nós nem percebemos. Olhei no relógio e disse assustada: Já é meia-noite! Preciso ir embora, amanhã eu levanto cedo. Ele colocou delicadamente a mão no meu rosto, ficou olhando nos meus olhos e foi se aproximando, e eu adorando tudo aquilo. Faltaram palavras para aquele instante, foi quando as bocas encostaram num beijo maravilhoso e apaixonado. Que clima maravilhoso, a música, os olhares, os beijos. Foi tudo tão perfeito e completo, que a minha vontade, e acho que a dele também era que o mundo parasse naquele instante. Queríamos ficar ali juntinhos o resto da noite, mas precisávamos ir, então seguimos a razão e fomos embora. Ao parar o carro em frente da minha casa, fui me despedir, quando ele me deu mais um beijo, seguido da frase: “Foi um encontro maravilhoso, era tudo o que eu mais queria. Nos vemos amanhã?” Respondi concordando e dizendo “Claro, me liga... Ah, só mais uma coisinha... eu também adorei.” .

PS: Mini conto escrito em janeiro de 2005, sem querer subestimar, mas melhorei muito a escrita desde então. Mas achei interessante colocar aqui. Amanha volto com uma super crônica que já está em andamendo. beijos. Mas vou deixar essa mini poesia tambbém pra quebrar o doce do conto.





'Sou dona de mim mesma
Amo com meu amor tímido
Safado, carente,
Algumas vezes carinhoso,
Outras irritadiço
Tenho desejos, tesão,
Minha pele arde
E dói muitas vezes
Por você, sempre por você.
Não importa.
Volto por mim mesma.'

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Para Sempre


Estava eu voltando da academia à noite por volta das dez horas da noite quando vejo, vindo em direção contrária à mim uma mãe, e quatro garotinhas de mais ou menos 6 anos. Saltitantes, de mãos dadas e a cada dois passos gritavam para quem quisesse ouvir o bordão “amigas pra sempre”, e o “pra sempre” era berrado ainda mais alto que o amigas.
Já dizia nosso saudoso Renato Russo, na música Por Enquanto, “Se lembra quando a gente, chegou um dia a acreditar, que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba”. Fiquei pensando, elas ainda estão na fase que ainda acreditam que as coisas são para sempre. Será que nunca ninguém contou para elas que nada é para sempre? Nem amizade, nem namoro, nem emprego, nem felicidade, que aliás, a dita cuja vai e volta, mas não é para sempre. ‘Pra sempre’ é uma grande utopia que colocam nas nossas cabeças, para que nós pensássemos que sempre teríamos o que é bom e nos traz satisfação.
Segundo o dicionário sempre significa ‘em todo o tempo; a todo momento; a toda hora, continuamente; eternamente’. As amizades até duram um bom tempo, mas não são eternas. O carinho, o afeto pelo amigo sim, esses sentimentos são a todo tempo e eternos, excedendo passado e futuro, mas chegam momentos em que as vidas bifurcam-se, as pessoas seguem caminhos diferentes, carreiras, cidades, opiniões etc. No caso delas basta a primeira mudança de colégio para que se afastem, ou se forem amigas porque os pais são amigos, basta uma brechinha para a distância entrar. Eu mudei de cidade duas vezes, deixei pessoas muito queridas em ambas, o amor será ‘pra sempre’, mas nossa convivência foi temporária, o tempo suficiente que nossas vidas precisaram se encontrar e tornar-se inesquecível.
Só que, o que era para ser ‘pra sempre’ sempre acaba, e é inevitável, mas não que seja ruim. Nas nossas vidas entram e saem pessoas a todo o momento. Pare e reflita, quantas pessoas maravilhosas, daquelas de passar horas sentada do meio fio conversando, foram saindo de fininho, sem querer da sua vida? Não que queríamos, afinal, sempre desejamos as coisas boas eternamente. Tenho amigos de infância, amigos de escola, de faculdade, de internet (sim, eu fui/sou uma adolescente na ascensão do mundo virtual), de festa, de bar, de tudo que é lugar, e de todos os tipos. E me dói saber que não é para sempre. É uma coisa rotativa, entram algumas e saem outras, porém Chaplin há muito tempo já nos confortava: “cada pessoa que passa em nossa vida, não passa sozinha, e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si, e leva um pouco de nós...”
Tomara que a utopia do ‘pra sempre’ não continue nos machucando quando acordarmos e enxergarmos que tudo é temporário; que possamos continuar enxergando colorido, e acreditando nos acasos mesmo sabendo que conto de fadas não existem e que o ‘foram feliz para sempre’ não se aplica no mundo real. Alias, nessa evolução dos contos de fada, desde as histórias da Mamãe Gansa, da Dona Carochinha, do Charles Perraut, apesar de que, nos contos do Charles Perraut nem sempre existia ‘felizes para sempre’ porque ele escrevia com a intenção de divertir e de moralizar para que a sociedade não virasse bagunça. As histórias da Mamãe Gansa e da Dona Carochinha também tinham essa função, mas era na oralidade. O problema foi quando os bem-aventurados irmãos Grimm resolveram modificar os contos do Charles Perraut, deixando a tragédia e a comédia de lado,e incorporando o ‘foram felizes para sempre no final’ só para iludir as criancinhas. Eu sempre quis saber quem foi o inventor dos finais perfeitos, e agora sei, droga. Maldosos, isso não se faz.. É tudo tão lindo que chega doer quando a realidade bate à porta. E que essas garotas possam continuar sonhando, mesmo depois de saberem de tudo isso, mas é lógico que ninguém vai contar, já que o fascinante é aprender na prática.
Yara Regina